9. A natureza do envoltório fluídico está sempre em relação
com o grau de adiantamento moral do Espírito. Os Espíritos
inferiores não podem mudar de envoltório a seu
bel-prazer, pelo que não podem passar, à vontade, de um
mundo para outro. Alguns há, portanto, cujo envoltório
fluídico, se bem que etéreo e imponderável com relação à
matéria tangível, ainda é por demais pesado, se assim nos
podemos exprimir, com relação ao mundo espiritual, para
não permitir que eles saiam do meio que lhes é próprio.
Nessa categoria se devem incluir aqueles cujo perispírito é
tão grosseiro, que eles o confundem com o corpo carnal,
razão por que continuam a crer-se vivos. Esses Espíritos,
cujo número é avultado, permanecem na superfície da Terra,
como os encarnados, julgando-se entregues às suas
ocupações terrenas. Outros um pouco mais desmaterializados
não o são, contudo, suficientemente, para se elevarem
acima das regiões terrestres.*
Os Espíritos superiores, ao contrário, podem vir aos
mundos inferiores, e, até, encarnar neles. Tiram, dos elementos
constitutivos do mundo onde entram, os materiais
para a formação do envoltório fluídico ou carnal apropriado
ao meio em que se encontrem. Fazem como o nobre que
despe temporariamente suas vestes, para envergar os
trajes plebeus, sem deixar por isso de ser nobre.
É assim que os Espíritos da categoria mais elevada
podem manifestar-se aos habitantes da Terra ou encarnar
em missão entre estes. Tais Espíritos trazem consigo, não
o invólucro, mas a lembrança, por intuição, das regiões
donde vieram e que, em pensamento, eles veem. São videntes
entre cegos.
* Exemplos de Espíritos que ainda se julgam deste mundo: Revue spirite, dezembro de 1859, pág. 310; — novembro de 1864,
pág. 339; — abril de 1865, pág. 177.