Revista espírita — Jornal de estudos psicológicos — 1866

Allan Kardec

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Considerações sobre a propagação da mediunidade curadora

(Vide no nº anterior o artigo sobre o zuavo curador).

Devemos inicialmente fazer algumas retificações em nosso relatório das curas do Sr. Jacob. O próprio Sr. Jacob nos disse que a cura da menina, quando ele chegou a Ferté-sous-Jouarre, não se deu em praça pública; é verdade que foi aí que ele a viu, mas a cura foi na casa de seus pais, onde a fez entrar.

Isto em nada altera o resultado, mas a circunstância dá à ação um caráter menos excêntrico.

De sua parte, o Sr. Boivinet nos escreve:

“A respeito da proporção dos doentes curados, eu quis dizer que sobre 4.000, um quarto não experimentou resultados, e que do resto, isto é, de 3.000, um quarto foi curado e três quartos aliviados. De uma outra passagem do artigo poder-se-ia supor que eu tenha afirmado a cura de membros anquilosados; eu quis dizer que o Sr. Jacob tinha endireitado membros enrijecidos, rígidos como se estivessem anquilosados, mas não mais, o que não quer dizer que não tenha havido anquiloses curadas; apenas o ignoro.

Quanto aos membros enrijecidos por dores que paralisam em parte os movimentos, constatei, em último lugar, três casos de cura instantânea. No dia seguinte, um dos doentes estava absolutamente curado; outro tinha liberdade de movimentos com um resto de dor, com a qual, dizia-me ele, acomodarse-ia para sempre de boa vontade. Não revi o terceiro doente.”

Teria sido muito admirável se o diabo não tivesse vindo meter-se neste negócio. Uma outra pessoa nos escreve de uma das localidades onde correu a notícia das curas do Sr. Jacob:

“Aqui grande emoção na comuna e no presbitério. A criada do senhor cura, tendo encontrado duas vezes o Sr. Jacob na única rua da vila, está convicta de que ele é o diabo e que a persegue. A pobre mulher refugiou-se numa casa onde quase teve um ataque de nervos. É verdade que a farda vermelha do zuavo pode tê-la feito crer que ele saía do inferno. Parece que aqui preparam uma cruzada contra o diabo, para dissuadir os doentes de se fazerem curar por ele.”

Quem pode ter posto na cabeça dessa mulher a ideia que o Sr. Jacob é o diabo em pessoa e que as curas são uma astúcia de sua parte? Não disseram aos pobres de certa cidade que não deviam receber o pão e as esmolas dos espíritas porque eram uma sedução de Satã, e que, além disto, seria melhor ser ateu do que voltar a Deus pela influência do Espiritismo, porque também isso era uma artimanha do demônio? Em todo caso, atribuindo tantas coisas boas ao diabo, fizeram tudo o que era necessário para reabilitá-lo na opinião das pessoas. O que é mais estranho é que de semelhantes ideias ainda se alimentem populações a algumas léguas de Paris. Assim, que reação quando a luz se faz nesses cérebros fanatizados! Há que convir que há gente muito desajeitada.

Voltemos ao nosso assunto: as considerações gerais sobre a mediunidade curadora.

Dissemos, e nunca seria demais repetir, que há uma diferença radical entre os médiuns curadores e os que obtêm prescrições médicas da parte dos Espíritos. Estes em nada diferem dos médiuns escreventes ordinários, a não ser pela especialidade das comunicações. Os primeiros curam apenas pela ação fluídica em mais ou menos tempo, às vezes instantaneamente, sem o emprego de qualquer remédio. O poder curativo está todo inteiro no fluido depurado a que eles servem de condutores. A teoria deste fenômeno foi suficientemente explicada para provar que entra na ordem das leis naturais e que nada há de miraculoso. Ele é o produto de uma aptidão especial, tão independente da vontade quanto todas as outras faculdades mediúnicas; não é um talento que se possa adquirir; ninguém pode transformar-se em médium curador, da mesma maneira que pode tornar-se médico. A aptidão para curar é inerente ao médium, mas o exercício da faculdade só tem lugar com o concurso dos Espíritos, de onde se segue que se os Espíritos não querem, ou não querem mais servir-se dele, ele é como um instrumento sem músico, e nada obtém. Ele pode, pois, perder instantaneamente a sua faculdade, o que exclui a possibilidade de transformá-la em profissão.

Um outro ponto a considerar é que sendo esta faculdade fundada em leis naturais, ela tem limites traçados por essas mesmas leis. Compreende-se que a ação fluídica possa dar a sensibilidade a um órgão existente; fazer dissolver e desaparecer um obstáculo ao movimento e à percepção; cicatrizar uma ferida, porque então o fluido se torna um verdadeiro agente terapêutico; mas é evidente que não pode remediar a ausência ou a destruição de um órgão, o que seria um verdadeiro milagre. Assim, a visão poderá ser restituída a um cego por amaurose, oftalmia, belida ou catarata, mas não a quem tivesse os olhos vazados. Há, pois, doenças fundamentalmente incuráveis, e seria ilusão crer que a mediunidade curadora vá livrar a Humanidade de todas as suas enfermidades.

Além disto, há que levar em conta a variedade de nuanças apresentadas por essa faculdade, que está longe de ser uniforme em todos os que a possuem. Ela se apresenta sob aspectos muito diversos. Em razão do grau de desenvolvimento do poder, a ação é mais ou menos rápida, extensa ou circunscrita. Tal médium triunfa sobre certas moléstias em certas pessoas e em dadas circunstâncias, e falha completamente em casos aparentemente idênticos. Parece mesmo que em alguns a faculdade curadora se estende aos animais.

Opera-se neste fenômeno uma verdadeira reação química, análoga à produzida por certos medicamentos. Atuando o fluido como agente terapêutico, sua ação varia conforme as propriedades que recebe das qualidades do fluido pessoal do médium. Ora, devido ao temperamento e à constituição deste último, o fluido está impregnado de elementos diversos que lhe dão propriedades especiais. Ele pode ser, para nos servirmos de comparações materiais, mais ou menos carregado de eletricidade animal, de princípios ácidos ou alcalinos, ferruginosos, sulfurosos, dissolventes, adstringentes, cáusticos, etc. Daí resulta uma ação diferente, conforme a natureza da desordem orgânica. Essa ação, portanto, pode ser enérgica, muito poderosa em certos casos e nula em outros. É assim que os médiuns curadores podem ter especialidades: este curará as dores ou endireitará um membro, mas não dará a vista a um cego, e viceversa. Só a experiência pode dar a conhecer a especialidade e a extensão da aptidão, mas, em princípio, pode-se dizer que não há médiuns curadores universais, pela simples razão que não há homens perfeitos na Terra, e cujo poder seja ilimitado.

A ação é completamente diferente na obsessão, e a faculdade de curar não implica a de libertar os obsedados. O fluido curador age, de certo modo, materialmente sobre os órgãos afetados, ao passo que na obsessão é preciso agir moralmente sobre o Espírito obsessor; é preciso ter autoridade sobre ele para fazêlo largar a presa. São, pois, duas aptidões distintas, que nem sempre se encontram na mesma pessoa. O concurso do fluido curador torna-se necessário quando, o que é bastante frequente, a obsessão se complica com afecções orgânicas. Portanto, pode haver médiuns curadores impotentes para a obsessão, e vice-versa.

A mediunidade curadora não vem suplantar a medicina e os médicos; vem simplesmente provar a estes últimos que há coisas que eles não sabem e convidá-los a estudá-las; que a Natureza tem leis e recursos que eles ignoram; que o elemento espiritual, que eles desconhecem, não é uma quimera, e quando eles o levarem em conta, abrirão novos horizontes à Ciência e terão mais êxito do que agora.

Se essa faculdade fosse privilégio de um indivíduo, passaria despercebida; considerá-la-iam como uma exceção, um efeito do acaso, esta suprema explicação que nada explica, e a má-vontade facilmente poderia abafar a verdade. Mas quando virem os fatos se multiplicarem, serão forçados a reconhecer que eles não se podem produzir senão em virtude de uma lei; que se homens ignorantes triunfam onde os cientistas falham, é que os cientistas não sabem tudo. Isto em nada prejudica a Ciência, que será sempre a alavanca e a resultante do progresso intelectual. Só o amor-próprio daqueles que a circunscrevem aos limites de seu saber e da materialidade apenas pode sofrer com isso.

De todas as faculdades medianímicas, a mediunidade curadora vulgarizada é a que é chamada a produzir mais sensação, porque há, por toda parte, doentes em grande número, e não é a curiosidade que os atrai, mas a necessidade imperiosa de alívio. Mais do que qualquer outra, ela triunfará sobre a incredulidade, tanto quanto sobre o fanatismo, que vê em toda parte a intervenção do diabo. A multiplicidade dos fatos forçosamente conduzirá ao estudo da causa natural, e daí à destruição das ideias supersticiosas de feitiçaria, de poder oculto, de amuletos, etc. Se considerarmos o efeito produzido nos arredores do campo de Châlons por um só indivíduo, e a multidão de pessoas sofredoras vindas de dez léguas de distância, poderemos imaginar o que isto seria se dez, vinte, cem indivíduos aparecessem nas mesmas condições, quer na França, quer em países estrangeiros. Se disserdes a esses doentes que eles são joguetes de uma ilusão, eles vos responderão mostrando a perna restaurada; que são vítimas de charlatães, eles dirão que nada pagaram e que não lhes venderam nenhuma droga. Se disserdes que eles abusaram de sua confiança, dirão que nada lhes prometeram.

É também a faculdade que mais escapa à acusação de charlatanice e de fraude, porque ela desafia a troça, pois nada há de risível num doente curado que a Ciência havia abandonado. O charlatanismo pode simular mais ou menos grosseiramente a maioria dos efeitos mediúnicos, e a incredulidade neles procura sempre os seus cordões. Mas onde encontrará os fios da mediunidade curadora? Podem ser feitos certos truques para imitar os efeitos mediúnicos, e os efeitos mais reais, aos olhos de certa gente, podem passar por golpes de mestre, mas o que faria quem pretendesse imitar as qualidades de um médium curador? De duas, uma: ou ele cura ou não cura. Não há simulacro que possa produzir uma cura.

Além disso, a mediunidade escapa completamente à lei sobre o exercício ilegal da medicina, porque não prescreve qualquer tratamento. A que penalidade poderiam condenar aquele que cura só por sua influência, secundada pela prece, e que, além disso, nada pede como pagamento por seus serviços? Ora, a prece não é uma substância farmacêutica. É, em vossa opinião, uma tolice; seja, mas se a cura está no fim dessa tolice, que direis vós? Uma tolice que cura vale bem mais do que remédios que não curam.

Puderam proibir o Sr. Jacob de receber os doentes no campo e de ir à casa deles, e se ele se submeteu, dizendo que não retomaria o exercício de sua faculdade senão quando a interdição fosse levantada oficialmente, é porque, sendo militar, quis mostrar-se escrupuloso observador da disciplina, por mais dura que fosse. Nisto ele agiu sabiamente, porque provou que o Espiritismo não conduz à insubordinação, mas aqui é um caso excepcional. Considerando-se que esta faculdade não é privilégio de um indivíduo, por que meio poderiam impedi-la de se propagar? Se ela se propaga, de bom grado ou de mau grado, terão que aceitá-la com todas as suas consequências.

Dependendo a mediunidade curadora de uma disposição orgânica, muitas pessoas a possuem, ao menos em germe, que fica em estado latente, por falta de exercício e de desenvolvimento. É uma faculdade que muitos ambicionam com razão, e se todos os que desejam possuí-la a pedissem com fervor e perseverança pela prece, e com um objetivo exclusivamente humanitário, é provável que desse concurso sairia mais de um verdadeiro médium curador.

Não é de admirar ver pessoas que a princípio dela não parecem dignas e são favorecidas com esse dom precioso. É que a assistência dos bons Espíritos é franqueada a todo mundo, para a todos abrir o caminho do bem, mas ela cessa, se a pessoa não souber tornar-se digna dela, melhorando-se. Dá-se aqui como com os dons da fortuna, que nem sempre vêm ao mais merecedor. É, então, uma prova pelo uso que ele dela faz. Felizes aqueles que dela saem vitoriosos.

Pela natureza de seus efeitos, a mediunidade curadora exige imperiosamente o concurso de Espíritos depurados, que não poderiam ser substituídos por Espíritos inferiores, ao passo que há efeitos medianímicos para cuja produção a elevação dos Espíritos não é uma condição necessária e que, por essa razão, são obtidos pouco mais ou menos em qualquer circunstância. Certos Espíritos até, menos escrupulosos que outros quanto a estas condições, preferem os médiuns em quem encontram simpatia. Mas pela obra se conhece o operário.

Há, pois, para o médium curador, a necessidade absoluta de conquistar o concurso dos Espíritos superiores, se quiser conservar e desenvolver sua faculdade, senão, em vez de crescer, ela declina e desaparece pelo afastamento dos bons Espíritos. A primeira condição para isto é trabalhar em sua própria depuração, a fim de não alterar os fluidos salutares que ele está encarregado de transmitir. Esta condição não poderia ser suprida sem o mais completo desinteresse material e moral. O primeiro é o mais fácil; o segundo é o mais raro, porque o orgulho e o egoísmo são os sentimentos mais difíceis de extirpar e porque várias causas contribuem para superexcitá-los nos médiuns. Quando um deles se revela com faculdades um pouco transcendentes, ─ falamos aqui dos médiuns em geral, escreventes, videntes e outros ─ ele é procurado, adulado e mais de um sucumbe a essa tentação da vaidade. Em breve, esquecendo que sem os Espíritos nada seria, ele se considera indispensável e como único intérprete da verdade; ele denigre os outros médiuns e se julga acima dos conselhos. O médium que assim se comporta está perdido, porque os Espíritos se encarregam de lhe provar que ele pode ser dispensado, fazendo surgir outros médiuns melhor assistidos. Comparando a série das comunicações de um mesmo médium, facilmente podemos julgar se ele cresce ou se degenera. Ah! Quantos temos visto, de todos os gêneros, cair triste e deploravelmente no terreno escorregadio do orgulho e da vaidade! Podemos, portanto, esperar o surgimento de uma multidão de médiuns curadores. Entre eles, vários se tornarão frutos secos e eclipsar-se-ão depois de ter emitido um brilho passageiro, ao passo que outros continuarão a elevar-se.

Eis um exemplo disto, há uns seis meses assinalado por um de nossos correspondentes. Num departamento do sul, um médium, que se havia revelado como curador, tinha operado várias curas notáveis e nele depositavam grandes esperanças. Sua faculdade apresentava particularidades que deram, num grupo, a ideia de fazer um estudo a respeito. Eis a resposta que obtiveram dos Espíritos, e que nos foi transmitida na ocasião. Ela pode servir de instrução a todos.

“X... realmente possui a faculdade de médium curador notavelmente desenvolvida. Infelizmente, como muitos outros, ele exagera muito a sua dimensão. É um excelente rapaz, cheio de boas intenções, mas que um orgulho desmesurado e uma visão extremamente curta dos homens e das coisas farão periclitar prontamente. Seu poder fluídico, que é considerável, bem utilizado e ajudado pela influência moral, poderia produzir excelentes resultados. Sabeis por que muitos de seus doentes só experimentam um bem-estar momentâneo que desaparece quando ele lá não mais está? É que ele age por sua presença somente, mas nada deixa ao Espírito para triunfar sobre os sofrimentos do corpo.

“Quando ele parte, nada resta dele, nem mesmo o pensamento que segue o doente, no qual ele não pensa mais, ao passo que a ação mental poderia, em sua ausência, continuar a ação direta. Ele acredita em seu poder fluídico, que é real, mas cuja ação não é persistente, porque não é corroborada pela influência moral. Quando obtém êxito, ele fica mais satisfeito por ser notado do que por ter curado. Contudo, é sinceramente desinteressado, pois coraria se recebesse a menor remuneração. Embora não seja rico, jamais pensou em fazer disto uma fonte de renda. O que ele deseja é fazer que falem de si. Falta-lhe também a afabilidade de coração, que atrai. Os que vêm a ele ficam chocados com as suas maneiras, que não inspiram simpatia, do que resulta uma falta de harmonia que prejudica a assimilação dos fluidos. Longe de acalmar e apaziguar as más paixões, ele as excita, julgando fazer o que é necessário para destruí-las, e isto pela falta de discernimento. É um instrumento desafinado; por vezes emite sons harmoniosos e bons, mas o conjunto só pode ser mau, ou pelo menos improdutivo. Ele não é tão útil à causa quanto poderia ser, e com muita frequência a prejudica, porque, por seu caráter, faz apreciar muito mal os resultados. É um desses que pregam com violência uma doutrina de doçura e de paz.

Pergunta. ─ Então pensais que ele perderá seu poder curador?

Resposta. ─ Estou persuadido disto, a menos que ele mude de atitude, o que infelizmente não acredito que ele seja capaz de fazer. Os conselhos seriam supérfluos, porque ele está convicto de que sabe mais que todo mundo. Talvez ele deixasse transparecer que os escuta, mas não os seguiria. Assim, perde duplamente o benefício de uma excelente faculdade.”

O acontecimento justificou a previsão. Soubemos mais tarde que esse médium, depois de uma série de choques que seu amor-próprio teve que sofrer, tinha renunciado a novas tentativas de curas.

O poder de curar independe da vontade do médium; eis um fato constatado pela experiência. O que depende dele são as qualidades que podem tornar esse poder frutuoso e durável. Essas qualidades são sobretudo o devotamento, a abnegação e a humildade; o egoísmo, o orgulho e a cupidez são pontos de parada, contra os quais se quebra a mais bela faculdade.

O verdadeiro médium curador, o que compreende a santidade de sua missão, é movido tão somente pelo desejo do bem; não vê no dom que possui senão um meio de tornar-se útil aos seus semelhantes, e não um degrau para elevar-se acima dos outros e pôr-se em evidência. É humilde de coração, isto é, nele a humildade e a modéstia são sinceras, reais, sem segundas intenções, e não se traduzem em palavras que desmentem, muitas vezes, os próprios atos. A humildade por vezes é um manto sob o qual se abriga o orgulho, mas que não iludiria a ninguém. Ela não procura nem o brilho, nem o renome, nem o ruído de seu nome, nem a satisfação de sua vaidade. Não há, em suas maneiras, nem jactância, nem bazófia; não exibe as curas que realiza, ao passo que o orgulhoso as enumera com complacência, muitas vezes as amplifica, e acaba por se persuadir que fez tudo o que diz.

Feliz pelo bem que faz, ele não o é menos pelo que outros podem fazer; não se julgando o primeiro nem o único capaz; não inveja nem denigre nenhum médium. Os que possuem a mesma faculdade são para ele irmãos que concorrem para o mesmo objetivo. Ele diz que quanto mais médiuns houver, maior será o bem.

Sua confiança em suas próprias forças não vai até a presunção de se julgar infalível e, ainda menos, universal; sabe que outros podem tanto ou mais que ele; sua fé é mais em Deus do que em si mesmo, pois sabe que tudo pode por ele, e nada sem ele. Eis por que nada promete senão sob a reserva da permissão de Deus.

À influência material, ele acrescenta a influência moral, auxiliar poderoso que dobra a sua força. Por sua palavra benevolente, ele encoraja, levanta o moral, faz nascer a esperança e a confiança em Deus. Já é uma parte da cura, porque é uma consolação que dispõe a receber o eflúvio benéfico, ou melhor, o pensamento benevolente já é um eflúvio salutar. Sem a influência moral, o médium tem por si apenas a ação fluídica, material e de certo modo brutal, insuficiente em muitos casos.

Enfim, para aquele que possui as qualidades do coração, o doente é atraído por uma simpatia que predispõe à assimilação dos fluidos, ao passo que o orgulho, a falta de benevolência, chocam e fazem experimentar um sentimento de repulsa que paralisa essa assimilação.

Tal é o médium curador amado pelos bons Espíritos. Tal é, também, a medida que pode servir para julgar o valor intrínseco dos que se revelarão e a extensão dos serviços que eles poderão prestar à causa do Espiritismo. Isto não significa que só existam médiuns nessas condições e que aquele que não reunisse todas essas qualidades não poderia momentaneamente prestar serviços parciais que seria um erro rejeitar. O mal é para ele, porque quanto mais se afasta do modelo ideal, menos pode esperar ver sua faculdade desenvolver-se e mais se aproxima do declínio. Os bons Espíritos só se ligam aos que se mostram dignos de sua proteção, e a queda do orgulhoso, cedo ou tarde é a sua punição. O desinteresse é incompleto sem o desinteresse moral.

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