Revista espírita — Jornal de estudos psicológicos — 1868

Allan Kardec

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Metempsicose

“Conheceis a causa dos ruídos que nos chegam? perguntava a Sra. Des Genêts. Será alguma cena de tigres furiosos que esses senhores nos preparam?

“─ Sossegai, cara amiga, tudo está em segurança, os nossos vivos e os nossos mortos. Escutai a encantadora melodia do rouxinol que canta no salgueiro! Talvez seja a alma de um dos nossos mártires que plana em torno de nós sob essa forma amável. Os mortos têm esses privilégios, e eu de boa vontade me convenço de que eles voltam assim muitas vezes para junto daqueles a quem amaram.

“─ Oh! Se dissésseis a verdade! exclamou vivamente a senhora Des Genêts.

“─ Eu acredito nisto sinceramente, disse a jovem duquesa. É tão bom crer nas coisas consoladoras! Ademais, meu pai, que é muito sábio, como não o ignorais, me assegurou que esta crença tinha sido difundida antigamente por grandes filósofos. O próprio Lesage também nela acredita.”

Esta passagem é tirada de um romance-folhetim intitulado O Calabouço da Torre dos Pinheiros, por Paulin Capmal, publicado pela Liberté de 4 de novembro de 1867. Aqui, a ideia não é tirada da Doutrina Espírita, porque esta, em todos os tempos, ensinou e provou que a alma humana não pode renascer num corpo animal, o que não impede que certos críticos, que não leram a primeira palavra sobre o Espiritismo, repitam que ele professa a metempsicose; mas é sempre o pensamento da alma individual sobrevivendo ao corpo, voltando sob uma forma tangível junto aos que ela amou. Se a ideia não é espírita, é ao menos espiritualista, e melhor seria acreditar na metempsicose do que acreditar no nada. Essa crença pelo menos não é desesperadora como o materialismo; ela nada tem de imoral, ao contrário; ela conduziu todos os povos que a professaram a tratar os animais com doçura e benevolência. A exclamação: É tão bom crer nas coisas consoladoras é o grande segredo do sucesso do Espiritismo.

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