Boletim
Leitura da ata da sessão de 25 de novembro.
Pedidos de admissão:
Cartas do Sr. L. Benardacky, de São Petersburgo, e da Sra. Elisa Johnson, de Londres, que pedem para fazer parte da Sociedade como membros titulares.
Comunicações diversas:
Leitura de duas comunicações feitas ao Sr. Bouché, antigo reitor da Academia, médium escrevente, pelo Espírito da duquesa de Longueville, a respeito de uma visita que esta última lhe fez, como Espírito, em Port-Royal-des-Champs. Essas duas comunicações são notáveis pelo estilo e pela elevação dos pensamentos. Provam que certos Espíritos reveem com prazer os lugares onde viveram e que sentem o encanto da saudade. Sem dúvida, quanto mais desmaterializados, menos importância dão às coisas terrenas, mas alguns ainda se ligam a elas por muito tempo após a morte e parece que continuam, no mundo invisível, nas ocupações que tinham neste mundo, ou pelo menos demonstrando-lhes certo interesse.
Estudos:
1º. ─ Evocação do Sr. Conde Desbassyns de Richemont, falecido em junho de 1859, que há mais de dez anos professava ideias espíritas. A evocação confirma a influência dessas ideias sobre o desprendimento do Espírito após a morte.
2º. ─ Evocação da irmã Marta, falecida em 1824.
3º. ─ Segunda evocação do conde R... C..., membro da Sociedade, retido no leito por uma indisposição, seguida de perguntas que lhes são dirigidas sobre o isolamento momentâneo do Espírito do corpo, durante o sono. (Publicada neste número).
SEXTA-FEIRA, 9 DE DEZEMBRO (SESSÃO GERAL) Leitura da ata de 2 de dezembro.
Comunicações diversas:
O Sr. de la Roche dá notícia de notáveis comunicações ocorridas numa casa de Castelnaudary. Os fatos são relatados numa nota que precede o relato da evocação ocorrida e que será publicada.
Estudos:
1º. ─ Evocação do rei de Kanala (Nova Caledônia), já evocado a 28 de outubro, mas que então havia escrito com alguma dificuldade e prometera exercitar-se para escrever de modo mais legível. Dá curiosas explicações sobre a maneira de que se utilizou para aperfeiçoar-se. (Será publicada com a primeira evocação).
2º. ─ Evocação do Espírito de Castelnaudary. Ele se manifesta por sinais de
viva cólera, sem nada poder escrever. Quebra sete ou oito lápis, alguns dos quais são lançados violentamente sobre os assistentes, e sacode brutalmente o braço do médium. São Luís dá explicações interessantes sobre o estado e a natureza desse Espírito que, diz ele, é da pior espécie e está numa das mais infelizes situações. (Será publicada com todas as outras comunicações relativas ao assunto).
3º. ─ São obtidas simultaneamente, quatro comunicações espontâneas: a primeira, de São Vicente de Paulo, pelo Sr. Roze; a segunda, de Charlet, pelo Sr. Didier filho, continuação do trabalho iniciado pelo mesmo Espírito; a terceira, de Mélanchthon, pelo Sr. Colin; a quarta, de um Espírito que deu o nome de Mikaël, protetor das crianças, pela Sra. Boyer.
SEXTA-FEIRA, 16 DE DEZEMBRO DE 1859 (SESSÃO PARTICULAR) Leitura da ata.
Admissões:
São admitidos como membros titulares: o Sr. L. Benardacky, de São Petersburgo e a Sra. Elisa Johnson, de Londres, apresentados a 2 de dezembro.
Pedidos de admissão:
O Sr. Forbes, de Londres, oficial de engenharia, e a Sra. Forbes, de Florença, escrevem pedindo para fazer parte da Sociedade como titulares. Relatório e decisão adiados para 30 de dezembro.
Designação de seis comissários que deverão dividir o serviço das sessões gerais até 1.º de abril, sem necessidade de designar um para cada sessão. Terão, além disso, o encargo de assinalar as infrações que os ouvintes cometerem contra o regulamento por ignorarem as exigências da Sociedade, a fim de advertir os membros titulares que lhes houverem dado cartas de apresentação.
Por proposta do Sr. Allan Kardec, a Sociedade decide que o Boletim das sessões de ora em diante será publicado em suplemento da Revista, para que sua publicação não resulte em detrimento às matérias habituais do jornal. Como consequência dessa adição, cada número será aumentado em cerca de quatro páginas, cujas despesas ficarão a cargo da Sociedade.
O Sr. Lesourd propõe que quando houver cinco sessões num mês, a quinta seja de caráter particular, o que foi adotado. O mesmo membro propõe ainda que quando um novo membro for admitido, seja oficialmente apresentado aos outros membros da Sociedade, a fim de que não venha como um estranho, o que foi aceito.
O Sr. Thiry observa que muitos Espíritos sofredores pedem o auxílio da prece, para lhes abrandar as penas, mas, como podem ser perdidos de vista, propõe que em cada sessão o Presidente lhes lembre os nomes. (Adotado).
Comunicações diversas:
1º. ─ Carta do Sr. Jobard, de Bruxelas, confirmando com detalhes o fato das manifestações de Java, descritas pela Sra. Pfeiffer, publicadas na Revista de dezembro. Obteve-as do próprio general holandês, com quem estava ligado e que era encarregado de vigiar a casa onde as coisas se passavam e, consequentemente, testemunha ocular. Publicada neste número.
2º. ─ Leitura de uma comunicação do Espírito de Castelnaudary, obtida pelo Sr. e pela Sra. Forbes, ouvintes da última sessão. São fornecidos detalhes circunstanciados e interessantes sobre esse Espírito e sobre os acontecimentos ocorridos na casa em questão. Várias outras comunicações obtidas sobre o assunto serão reunidas às obtidas na Sociedade e publicadas quando tudo estiver completo. 3º. ─ Leitura de uma notícia sobre a Sra. Xavier, médium vidente. Essa senhora não vê os Espíritos quando quer. Eles se apresentam a ela espontaneamente, sem estar em sonambulismo nem em êxtase. Não obstante, em certos momentos, fica num estado particular que reclama a maior calma e recolhimento, de tal sorte que, interrogada quanto ao que vê, aquele estado se dissipa imediatamente e não vê mais nada. Como conserva uma lembrança completa de tudo, mais tarde pode dar conta do que viu. Foi assim que, entre outras, viu a Irmã Martha, no dia em que foi evocada e a descreveu de maneira a não deixar dúvidas quanto à sua identidade. Também viu, na última sessão, o Espírito de Castelnaudary, vestindo uma camisa rasgada, com um punhal na mão e com as mãos ensanguentadas, sacudir fortemente o braço do médium, durante as suas tentativas para escrever, bem como a cada vez que São Luís aparentemente lhe ordenava que escrevesse. Tinha uma espécie de sorriso estúpido nos lábios. Depois, ao lhe falarem de preces, parece que a princípio não compreendeu, mas logo depois da explicação dada por São Luís, caiu de joelhos.
O rei de Kanala lhe apareceu com a cabeça de um branco. Tinha olhos azuis, bigode e suíças brancos, mãos de negro, pulseiras de aço, um costume azul e o peito coberto por uma porção de objetos que ela não pôde distinguir. “Essa aparência, disse alguém, se deve a que entre a existência anterior, da qual falou, e a última, ele havia sido soldado na França, ao tempo de Luís XV. Era uma consequência de seu estado relativamente adiantado. Ele pediu para voltar entre sua gente, para ali fazer, como chefe, a introdução das ideias de progresso. A forma que tomou e a aparência meio selvagem e meio civilizada, são destinadas a vos mostrar, sob nova face, as que o Espírito pode dar ao perispírito, com um fim instrutivo e como indício dos vários estados por que passou.”
A Sra. X. viu ainda os Espíritos evocados virem responder à evocação e às perguntas que nada tinham de censurável quanto ao seu objetivo e, à ordem de São Luís, retirarem-se para que Espíritos presentes respondessem em seu lugar, quando as perguntas tomavam um caráter insidioso. “Devendo a maior boa-fé e a maior franqueza ditarem as perguntas, nenhum pensamento dissimulado nos escapa ─ acrescenta o Espírito interrogado a respeito pelo marido daquela senhora. Jamais procureis atingir o vosso objetivo por caminhos tortuosos, pois assim os perdereis infalivelmente”
Ela via uma coroa fluídica cingir a cabeça do médium, como a indicar os instantes em que era interdito aos Espíritos não chamados de se comunicarem, porque as respostas deveriam ser sinceras. Entretanto, desde que a coroa era retirada, via todos os Espíritos intrusos disputando o lugar que lhes deixavam.
Enfim, viu o Espírito do Sr. Conde de R... sob a forma de um coração luminoso invertido, preso a um cordão fluídico que vinha de fora. Foi dito que era para nos ensinar que o Espírito pode dar a seu perispírito a aparência que quiser. Depois, poderia ter havido o inconveniente, para ela, de encontrar-se perante um Espírito encarnado que tivesse visto como desprendido. Mais tarde, tal inconveniente terá diminuído ou desaparecido.
Estudos:
1º. ─ Evocação de Charlet.
2º. ─ Três comunicações espontâneas, recebidas simultaneamente: a primeira de Santo Agostinho, pelo Sr. Roze. Explica a missão do Cristo e confirma um ponto muito importante, explicado por Arago, sobre a formação do globo; a segunda, de Charlet, pelo Sr. Didier filho, continuação do trabalho começado; a terceira, de Joinville, que assina em ortografia antiga: Amy de Loys, pela senhorita Huet.
SEXTA-FEIRA, 23 DE DEZEMBRO DE 1859 (SESSÃO GERAL) Leitura da ata e trabalhos da sessão de 16 de dezembro.
Pedidos de admissão:
Cartas do Sr. Demange, negociante em Paris e do Sr. Soive, negociante em Paris, apresentados como membros titulares. Relatório e decisão adiados para a sessão de 30 de dezembro.
Comunicações diversas:
1º. ─ Leitura de uma evocação particular, feita pela Sra. B..., do Espírito que se comunicou espontaneamente por seu intermédio à Sociedade, sob o nome de Paul Miffet, no momento em que ia reencarnar-se. Essa evocação, que apresenta um interessante quadro da reencarnação e da situação física e moral do Espírito nos primeiros instantes de sua vida corporal, será publicada.
2º. ─ Carta do Sr. Paul Netz, sobre os fatos que determinaram a posse, pelos Chartreux, das ruínas do castelo de Vauvert, situado no bairro do Observatório de Paris, ao tempo de Luís IX. Diz-se que no castelo se passavam cenas diabólicas, que cessaram desde que os monges ali se instalaram. Interrogado a respeito, São Luís responde que tem perfeito conhecimento, mas que era uma charlatanice.
Estudos:
1º. ─ Perguntas e questões morais diversas, dirigidas a São Luís, sobre o estado dos Espíritos sofredores. Serão publicadas.
2º. ─ Evocação de John Brown.
3º. ─ Três comunicações espontâneas: a primeira, pelo Sr. Roze e assinada pelo Espírito de Verdade, com diversos conselhos à Sociedade; a segunda, de Charlet, pelo Sr. Didier filho, continuando o trabalho começado; a terceira, sobre os Espíritos que presidem às flores, pela Sra. B...
ALLANKARDEC
NOTA: A nova edição do Livro dos Espíritos aparecerá em janeiro.